terça-feira, 28 de agosto de 2012


O DESMATAMENTO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Uma das principais atitudes que prejudica e destrói as florestas é o desmatamento. Este processo de destruição, em grande escala, das florestas, que já atinge a metade das matas nativas do mundo. Segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), as florestas cobrem atualmente cerca de 33.000.000 de km² (12.000.000 são tropicais, 21.100.000 são temperadas e 200.000.000 são mangues), número que corresponde a 22% das terras emersas do planeta.
A Organização de Alimentação e Agricultura (FAO) estima que, entre 1981 e 1990, foram derrubados 150.000.000 de ha de matas tropicais no mundo. Na Amazônia, segundo dados do governo brasileiro, a taxa de desmatamento cresceu 34% depois de 1992: a extensão devastada, que até 1991 totalizava 11.130 km², passou a 14.896 km² no ano de 1996. As regiões de proteção ambiental abrangem apenas 6% das florestas remanescentes, área equivalente à do México.

Em poucos anos a floresta Amazônica já perdeu cerca de 10% do seu domínio original. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, 61% das terras que hoje pertencem ao nosso país eram ocupadas por matas. Desde então, simultaneamente à ocupação do território e à expansão do povoamento, o território brasileiro começou a ser desmatado.
OS MOTIVOS DA DEVASTAÇÃO - Eles têm sido diversos: obtenção de lenha para as fornalhas dos engenhos de açúcar, limpeza do terreno para a instalação de lavouras ou de pastagens para o gado, exploração da madeira etc.
A primeira floresta a ser devastada foi a mata Atlântica e, restam hoje apenas 5% daquilo que ela era originalmente. A extensão das florestas brasileiras corresponde atualmente a menos de 30% da superfície do país.
FORMAS DE DESMATAMENTO – Uma das principais formas de desmatamento têm sido as queimadas de extensas áreas para a prática de agricultura e pecuária. A expansão dos centros urbanos, a construção de estradas e a implantação de grandes projetos agrominerais e hidrelétricos também motivam as devastações. Outra causa importante é a comercialização da madeira e, em menor grau, o extrativismo de inúmeras outras espécies de interesse econômico. Segundo a WWF, em 1991 a exploração mundial dos recursos florestais rendeu cerca de US$ 400 bilhões.
A extração de madeira – matéria-prima para a construção de moradias e importante fonte de energia – responde por grande parte desse valor. Em países como Zaire, Tanzânia e Gabão, a atividade corresponde a até 6% do PIB. Em Camarões, o desmatamento aumentou 400% desde 1993.
É importante lembrar que esse gás é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa.
IMPACTOS AMBIENTAIS EM ECOSSISTEMAS NATURAIS - Um dos principais impactos ambientais que ocorrem em um ecossistema natural é a devastação das florestas, notadamente das tropicais, as mais ricas em biodiversidade.
E por que ocorre com tanta avidez o desmatamento de milhares de quilômetros quadrados de florestas tropicais? Essa devastação ocorre basicamente por fatoreseconômicos, tanto na Amazônia quanto nas florestas africanas e nas do Sul e Sudeste Asiático. A exploração madeireira é feita clandestinamente ou, muitas vezes, com a conivência de governantes inescrupulosos e insensíveis aos graves problemas ecológicos decorrentes dela. Não levam em conta os interesses das comunidades, nem os interesses da nação que os abriga porque, com raras exceções, esses projetos são comandados por grandes grupos transnacionais, interessados apenas em auferir altoslucros.

Desmatamento da Amazônia leva à descoberta e à extinção de espécies

DA FRANCE PRESSE
Na Amazônia peruana uma espécie de ave é descoberta ao ano e uma de mamífero a cada quatro, mas paradoxalmente cada nova descoberta faz parte de uma tragédia, pois ocorre devido ao desmatamento realizado por empresas de petróleo, mineradoras e madeireiras. Em muitos casos, a descoberta de uma nova espécie caminha lado a lado com o começo de sua extinção.
"As descobertas de aves, mamíferos e outras espécies na maioria ocorrem devido não a uma pesquisa científica, que custa muito dinheiro, mas pela presença de empresas petroleiras, mineradoras e de corte de árvores", disse à AFP Michael Valqui, da ONG conservacionista WWF-Peru (Fundo Mundial para a Natureza).
"Este tipo de descoberta põe em risco a espécie que se descobre, já que pode entrar em risco de extinção porque este lugar é seu único hábitat, devido ao clima ou bacia", acrescentou.
Entre as novas espécies descobertas nos últimos cinco anos estão a rã 'Ranitomeya amazonica', com coloração de fogo na cabeça e patas azuis, o papagaio-de-testa-branca e o beija-flor-de-colar-púrpura.
O Peru é o quarto país do mundo em extensão florestal, com 700 mil quilômetros quadrados de florestas tropicais amazônicas, que contribuem para reduzir o aquecimento global e abrigam grande biodiversidade.
Em outubro, mais de 1.200 novas espécies foram apresentadas em uma cúpula das Nações Unidas sobre biodiversidade. Delas, cerca de 200 foram descobertas na Amazônia peruana.
A região tem 25.000 espécies de plantas --10% do total mundial-- e é o segundo lugar do mundo com mais diversidade de aves, abrigando 1.800 espécies. Também ocupa o quinto lugar do mundo no que diz respeito à diversidade de mamíferos (515 espécies) e répteis (418 espécies).
Ernesto Ráez, diretor do Centro para a Sustentabilidade Ambiental da Universidade Cayetano Heredia, de Lima, comenta: "O número de espécies que desaparece para sempre no mundo todos os dias é muito superior ao número de espécies que descobrimos todos os dias. Há espécies, em outras palavras, que desapareceram antes que as tenhamos conhecido."
A Amazônia peruana deve fazer frente a um agressivo programa estatal de exploração petroleira e mineradora, que tem confrontado o governo e as comunidades indígenas do local.
"Uma empresa mineradora ou de hidrocarbonetos não é, em si mesma, destrutiva; a chave é se é limpa ou não", explicou Gérard Hérail, do IRD (sigla em francês de do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento de Lima).
Segundo os cientistas, a lagartixa de Lima, um animal de hábitos noturnos encontrado apenas em "huacas" (santuários arqueológicos) da capital peruana, está prestes a se extinguir, enquanto outras espécies já desapareceram, como o rato endêmico da "lomas" ou encostas (Calomys sp, um ratinho orelhudo).
"Os arqueólogos, ao limpar as 'huacas' para sua restauração, destroem o habitat da lagartixa de apenas dois a três centímetros, com cor avermelhada, que vive nos recantos e locais escuros do local", disse Valqui, do WWF-Peru.
Em 2009, o governo propôs, perante um organismo internacional sobre mudanças climáticas a preservação de 540 mil quilômetros quadrados de florestas e reverter processos de corte e queima para reduzir o desmatamento.
Atualmente, há no Peru 70 áreas naturais protegidas, que ocupam 200 mil quilômetros quadrados, 15% do território nacional.
"Faltam sinais claros para dizer até onde o país vai na defesa de sua biodiversidade", disse à AFP Iván Lanegra, defensor adjunto para o Meio Ambiente da Defensoria do Povo.
Para Nicolás Quinte, biólogo guia do parque nacional do Manu, no Amazonas, deve-se promover "as atividades que não sejam claramente extrativistas, mas também produtivas e que sejam sustentáveis com o passar do tempo. Uma delas pode ser o turismo que usa a floresta sem destruí-la."




CEF vai bancar preservação do cerrado

Cerrado Mato-grossense - região de Barra do Garças-Mt - Foto: Salustra Padilha Carvalho Haubert/Clube Geo/2010
A Caixa Econômica Federal financiará ações para conservação do Cerrado, por meio do recém-criado Fundo Socioambiental da CAIXA. Caberá ao Ministério do Meio Ambiente lançar um edital de seleção pública das entidades para execução do projeto. O lançamento será na sexta.
O primeiro projeto a sair do papel será o Projeto Mosaico Sertão Veredas - Peruaçu. A região abrange uma área de 15 mil Km², equivalente a aproximadamente três vezes a área do Distrito Federal, nos 11 municípios. Em Minas Gerais: Arinos, Bonito de Minas, Chapada Gaúcha, Cônego Marinho, Formoso, Itacarambi, Januária, Manga, Urucuia e São João das Missões. No estado da Bahia: Cocos.


O Brasil das hecatombes ambientais!


ROMILDO GONÇALVES


Quando falamos em preservação ambiental e qualidade de vida no Brasil, percebemos que muito pouco foi efetivamente feito nestes 500 anos de existência, se não vejamos:

Desde seu descobrimento o país vem tentando implantar um plano de prevenção e controle de desastres ambientais e até hoje esse plano não saiu do papel. Incompetência ou desinteresse dos gestores?

Todo o ano é a mesma coisa. Calamidades públicas se repetem em todo o país: incêndios florestais, enchentes, deslizamentos... Chega o período de estiagem ou período das chuvas e a coisa se complica: vidas são aleatoriamente queimadas ou sufocada por enchentes, deslizamento...

Estamos em julho de 2012e até o momento não há qualquer ação prática dos governos central, estadual ou municipais visando à prevenção de desastres ambientais com fogo florestal para a estiagem em curso, ou seja, planejamento estratégico para prevenir, controlar e combater impactos antropogênicos! E daí?

Fala-se muito em leis decretos, portarias... Algo teórico efêmero que não tem sustentabilidade prática para evitar destruições previsíveis que podem ser evitados, não há, até o momento, por exemplo, aceiramento preventivo nas margens de vias públicas responsáveis por 60% dos incêndios florestais; capacitação de brigadistas e formação de brigadas em polos estratégicos do Estado; aquisição de material de combate a fogo em tempo hábil...cursos palestras, seminários e campanhas educativas na mídia...

Questões essenciais que precisam ser postas em prática para evitar esse mal recorrente anualmente nos ecossistemas brasileiro. Será que vivenciaremos uma nova hecatombe ambiental no país? Há fortes evidências para que isso ocorra. Queira Deus que não!

Por sorte os fenômenos naturais este deste ano alongaram o período das chuvas até o mês de junho possibilitando a chegada tardia da estiagem, em ambientes naturais ou antropizados na Amazônia, na Mata Atlântica, nos cerrados...Por outro lado se não cuidarmos rápido milhões de vidas animal e vegetal serão dizimadas para sempre, com fogo florestal ou sufocadas pela fumaça.

Gente abarrotando, hospitais, clínicas e centros de saúde também causarão transtorno na já combalida rede de saúde pública brasileira, não é mesmo? E as autoridades? Há as autoridades?

Estamos no momento vivenciando dois extremos no país: seca no Nordeste e chuvas no Sudeste, com efeitos devastadores sobre a vida e a dignidade humanas, causados fundamentalmente por descuido humano. Esse fato aconteceu em 2011, 2010, 2009, 2008, 2007, 2006... Certamente, não podemos descartá-los em 2012. E as autoridades? Há as autoridades?

Como se vê, são tragédias extremamente graves previsíveis que expõem de forma nua e crua a falta de seriedade na gestão pública brasileira, a maneira desrespeitosa como se trata o meio ambiente e vida no país. Uma vergonha, não?

O ano de 2012 chegou trazendo com ele os fenômenos La Niña e El Niño. Logo a estiagem estará por aqui e com ela muito fogo florestal no país. Será mais uma hecatombe a ser enfrentada! Este é o Brasil que queremos? Com a palavra, as autoridades constituídas! Seguramente, aparecerá gente gritando, esperneando, fazendo pirotecnia na mídia, falando ao vento sobre meio ambiente, sobre planos mirabolantes, culpando gestores anteriores e distribuindo dinheiros aos quatro cantos, porém a questão mais uma vez não será resolvida.

No meio desse pandemônio é bom lembrar que com a água derramada, ou o fogo espalhado, não adianta gritar. Na última década o governo federal investiu 700 milhões na prevenção de desastres naturais e antropogênicos, por outro lado já gastou cinco bilhões para tentar reparar esses mesmos estragos! Não seria mais econômico investir em prevenção?

ROMILDO GONÇALVES é biólogo, mestre em Educação e Meio Ambiente, perito ambiental em Fogo Florestal e prof.-pesquisador da UFMT/Seduc 

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